Natação - História Aquática
Apesar de, praticamente desde o início, o SAD ter também integrado a Vela e Remo, a principal relevância foi dada à Natação e ao Polo Aquático, modalidades em que, aliás, se registaram as primeiras participações Olímpicas do Algés (Helsínquia, 1952).
A importância da Natação deveu-se especialmente ao excecional talento desportivo revelado nesta modalidade por um conjunto de fundadores do Algés, à cabeça dos quais se encontrava Rodrigo Bessone Basto, acompanhado, entre outros, por António Basílio dos Santos Júnior, João Duarte Holbeche e Manuel Eloy Moniz, para além de outros sócios da primeira hora, como Armando Moitinho e Fernando Sacadura.
Numa segunda fase, um grande contributo foi também dado pela plêiade de valores que se vêm a formar nas décadas imediatamente seguintes em torno de nomes como Guilherme Patrone, Fernando Madeira, João Franco do Vale, Jaime Moniz, Eduardo Cordeiro, Eduardo e Manuel Murta Barbeiro, Eurico Surgey, Mário Simas,Francisco Alves e Rodrigo Bessone Basto Jr.
No entanto, um factor não negligenciável foi também a adesão que a modalidade rapidamente granjeou entre as raparigas.
O próprio Algés fomentou este desenvolvimento.
Logo a 5 de Outubro de 1918, houve um Festival de Natação organizado pelo SAD para a disputa da “ Taça Gentil “ oferecida por sócios do SAD e destinada a Senhoras de qualquer clube, numa prova de 100 metros.
Foi a primeira prova de Natação destinada somente a Senhoras, em Portugal.
Em primeiro lugar ficou a Srª D. Margarida Palla, distinta nadadora, e mais tarde professora de Natação, do SAD.
Ao longo dos anos, o SAD foi consolidando o seu ascendente nesta modalidade. Em 1952, dá-se a primeira participação olímpica de nadadores do Algés, nas disciplinas de Natação Pura, com Guilherme Patrone e Fernando Madeira, e de Polo Aquático. E, de então para cá, vão já em vinte e seis as participações de atletas do Algés nas provas olímpicas de Natação, marcando presença em todas as edições em que o Clube esteve representado, com exceção dos Jogos Olímpicos de Seul (1988).
Alguns técnicos, nacionais e estrangeiros, estão profundamente ligados ao desenvolvimento da modalidade no Algés: o treinador japonês Shintaro Yokochi (1958-70), o técnico Inglês Wally Lord (1971-74), os treinadores Manuel Mata e Eurico Perdigão, este ultimo reputado nadador e basquetebolista do Algés, que, em 1974, vieram dar novo impulso ao enquadramento técnico da modalidade; e o extraordinário nadador tri-olimpico Paulo Frischknecht, que assegurou, como treinador, treinador principal e coordenador técnico, a hegemonia da Algés em Natação Pura durante toda a década de 90.
Pelo seu lado, o Polo Aquático do SAD tem uma longa tradição, que remonta à própria época da fundação do Clube, em 1915.
Este aliciante jogo de “bola na água” foi criado e desenvolvido pelos Britânicos nos finais do Século XIX, mais precisamente em 1898, segundo rezam as crónicas.
O início da carreira do Polo Aquático como modalidade olímpica verificou-se em 1900, em Paris, aquando dos jogos da II Olimpíada da Era Moderna.
Em Portugal, o início da prática de Polo Aquático verificou-se em 1912, graças ao pioneirismo do Ginásio Clube Português e do Clube Internacional de Futebol, aos quais se juntaram a breve trecho o Clube Naval de Lisboa e o Sport Algés e Dafundo, em 1916.
Os primeiros jogos desenvolveram-se na doca de Santos e mais tarde na praia de Algés, num retângulo adquirido pelo SAD, bem como na doca de Alcântara.
Era bizarro o aspecto geral de um encontro de Polo Aquático nessa época: num retângulo flutuante com balizas acopladas, sustentado por bidões, tanto quanto possível amarrados a poitas bem pesadas. Não obstante isto, não era raro ver-se o retângulo deslocar-se e perder a forma por acção das ondas e do vento. O árbitro, que se fazia deslocar numa chata, frequentemente via a sua tarefa dificultada pelo “mestre” remador não ter a noção das funções do arbitro e não conduzir a chata para o lugar que era indicado. Assim, muitas vezes o arbitro era obrigado a remar ao mesmo tempo que ia arbitrando o jogo.
Nas docas de Santos e Alcântara, o publico acotovelava-se nas muralhas e nos planos inclinados, o que dava origem, com frequência, a que alguns espectadores mais entusiastas ou envolvidos em discussões acaloradas com adeptos adversários, rebolassem por ai abaixo para um forçado banho.
Na década de vinte, o SAD firmou os seus créditos, tornando-se a melhor equipa de Polo Aquático em Portugal.
O Algés foi campeão regional e nacional de pela primeira vez em 1923 e os êxitos nesta modalidade foram sucessivos até que os outros Clubes foram esmorecendo. Seria o Algés que continuaria a pratica-lo em jogos inter-socios ou através do intercâmbio que manteve com vários clubes espanhóis.
Um nome grande desta época do é Hermano Patroni,grande atleta e posteriormente treinador do Algés, que se estreou na final do Campeonato de Lisboa de 1925 contra o Sporting Clube de Portugal e veio a marcar o desenvolvimento da modalidade no Clube.
O baptismo internacional do Polo Aquático português foi alcançado pelo SAD, quando defrontou em 1931, no seu Estádio Náutico, o Clube de Natação de Barcelona.
Inolvidáveis também para a história do Polo Aquático do SAD,e também de Portugal, são os encontros verificados na piscina do Algés, em 1938 e 1939, com as selecções da Hungria (então campeã da Europa) e da Alemanha, respectivamente.
Nos anos quarenta, sem outras equipas nacionais para competir, o Polo Aquático do SAD, apesar da intensa actividade interna, não se desenvolveu em qualidade comparativamente ao progresso verificado noutros países.
Entre 1949 e 1951, o SAD teve ainda alguns contactos internacionais com equipas francesas e alemãs e em 1952 a Selecção Nacional que vai aos Jogos Olímpicos de Helsínquia é integralmente a equipa do SAD.
Pode dizer-se que, a partir dessa data, e salvo algumas interrupções, como sejam os jogos efectuados com equipas espanholas, aquando do cinquentenário do Clube, assiste-se a um declínio do Polo Aquático no SAD, apenas efemeramente reaparecido na década de oitenta.
Igualmente importantes foram as disciplinas de Ballet Aquático (hoje Natação Sincronizada) e de Saltos para a Água, em que, nas primeiras décadas do SAD, mercê especialmente da torre de saltos existente na Piscina, se distinguiram muitos dos mais ilustres nadadores do Algés.